Deborah Evelyn fala com tranquilidade de assuntos que vão desde a anorexia que sofreu na adolescência à luta do ex-marido, o diretor Dennis Carvalho, com quem foi casada por 24 anos e de quem se separou em dezembro de 2012, para se livrar das drogas. Tamanha serenidade vem da sensação de dever cumprido. “Sou realizada”, afirma a atriz de 47 anos, no ar como a artista de rua Irene na novela das 7 da TV Globo, Sangue Bom, na qual é dirigida por Dennis. “A gente tem uma relação muito boa. Como foi tudo muito tranquilo, continuamos amigos”, diz.
Moradora do Rio de Janeiro, Deborah tem boa parte de seu coração na Alemanha. Lá, vivem sua única filha, a estudante de engenharia Luiza, de 20 anos, e Detlev, o arquiteto alemão que a atriz namora há seis meses. “Estou numa fase de sentir saudade”, conta ela, sem descartar uma nova união. “Eu adoro casar.”
A atriz conta que mantém com Dennis a vida em família, tanto que almoçam juntos todo domingo e que nesses eventos exercita a porção avó com Nina, 7, e Lara, 3, filhas de sua enteada Tainá, do relacionamento do ex-marido com a atriz Monique Alves, que morreu em 1994. “Acho triste quando duas pessoas se separam, brigam, e o filho fica naquele meio entre pai e mãe”, afirma.
QUEM: E corre contra o tempo por causa disso?
DE: Não só no trabalho. Tenho a sensação de que não vou conseguir ler todos os livros que quero, porque já não vai dar tempo. Tenho uma coisa com o tempo muito forte, ele passa e passa rápido. Minha avó falava isso quando eu tinha 20 anos e eu não tinha essa noção. Agora, já tenho a noção do pouco tempo que falta, já não acho que é para sempre. Sou ansiosa. Sou uma pessoa que precisa de análise para baixar a bola. Faço terapia desde os 17 anos.
QUEM: Sua filha única, Luiza, foi morar na Alemanha para estudar. Foi difícil se desapegar dela?
DE: É muito difícil. Coração de mãe é dividido. De um lado, é o filho que você vê feliz, e aí você está realizada. Do outro, é a saudade que se sente. Se ele está feliz, é uma satisfação tão grande que, realmente, com esse lado da saudade a gente aprende a lidar. Sempre que dá, vou para lá. Quando ela foi, eu estava fazendo Insensato Coração e não pude ir. Quando acabou a novela, fui para encontrar alguma coisa errada, para ela voltar, mas não encontrei. Ela tem uma vida tão boa... Faz engenharia de produção e está há dois anos em Nuremberg. É muito responsável e madura. Foi com um amigo que tem família na cidade e teve toda a estrutura. Vai voltar quando acabar a faculdade. Ela sente muita saudade dos irmãos (Tainá, do relacionamento de Dennis Carvalho com Monique Alves, e Leonardo, do casamento de Dennis com Christiane Torloni).
QUEM: Ficou com receio de ser dirigida pelo Dennis tão pouco tempo depois de vocês terem se separado?
DE: A gente tem uma relação muito boa. Como foi tudo muito tranquilo, continuamos amigos. A gente continua uma família, só não somos mais marido e mulher. Então, não mudou muito. Faz parte da vida e sempre respeitei muito o Dennis como diretor. Gosto de ser dirigida. Tivemos uma separação ótima, sem problema nenhum.
QUEM: Vocês ficaram juntos por 24 anos. Não deve ser fácil terminar um casamento de tanto tempo. De alguma maneira, a separação foi traumática para você?
DE: Não. Se fosse, não estaríamos como estamos. Tem a Luiza e essa coisa de família que é muito forte para mim e para o Dennis. Sou avó dos filhos da Tainá. Fazemos almoço juntos todo domingo. Graças a Deus é assim. Acho triste quando duas pessoas se separam, brigam, e o filho fica naquele meio entre pai e mãe.
QUEM: Está namorando?
DE: Estou namorando um arquiteto alemão há seis meses, o Detlev. Ele mora na Alemanha, fica lá e cá, e estou numa fase de sentir saudade. Estou feliz. Casei com 22 anos. Namorei antes. É bom namorar, é uma fase. Mas é como eu digo: gosto de casar.
QUEM: Então você se casaria novamente?
DE: Totalmente. Eu adoro casar. Sou totalmente pró-casamento. Gosto de dividir a vida com alguém, de ter planos com uma pessoa e de ter alguém com quem compartilhar o dia a dia. Casar, para mim, é que nem foi com o Dennis, moramos juntos. Acho uma parte importante da vida.
QUEM: Você ajudou o Dennis durante o tempo em que ele esteve envolvido com drogas. Como superaram?
DE: Não sou religiosa. Acho que é mesmo a força do nosso sentimento. A Luiza era muito pequena, ela foi se dando conta um pouco depois, mas é uma coisa que faz parte da nossa vida. É como a pessoa ter uma doença crônica, não tem cura, mas você pode lidar com ela. O familiar também tem que aprender. Os grupos de NA (Narcóticos Anônimos) e Al-Anon (grupo de ajuda a familiares e amigos do dependente de álcool) nos ajudaram muito. O que a gente aprende lá é que toda a família adoece e você tem que lidar com a situação. Isso só uniu a gente.
QUEM: Tem vontade de ser avó?
DE: Está cedo com a Luiza, mas já brinco. A Tainá tem duas filhas, a Nina e a Lara. É uma mãe muito presente, forte, e não dá muito espaço para a gente interferir, o que eu acho ótimo. Sobra só a parte boa da avó.
QUEM: Você sofreu anorexia. Hoje, as meninas perseguem a magreza. Que recado daria a essas jovens?
DE: Às vezes, acho que é uma epidemia, não acho bonito, me lembra doença. Havia uma menina na escola da Luiza que tinha, e isso foi muito forte. Ela ficou com medo. Tem que haver campanhas contra isso. Só assim se combate, mostrando o horror que é. Minha mãe é muito presente e percebeu que eu estava com anorexia quando eu tinha 17 anos. É uma doença psicológica, você não se vê magra. O meu caso foi coisa de amor de adolescência, bobagem. Estava frágil e, quando isso acontece, qualquer coisa tira a gente do prumo e as consequências podem ser fatais. Quando a menina é adolescente, é papel dos pais levar para o analista, o nutricionista. Deve ser desesperador ver um filho se matando.
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